sexta-feira, 19 de julho de 2013

CARTA ABERTA A PRESIDENTE(A)





Senhora presidente Dilma Roussef:

Pra começar, acabe com essa bobagem de fazer questão de ser chamada presidenta.

Por certo V.Excia. não denomina as jovens como adolescentas, nem gostaria que alguém afirmasse que a Sra. é eleganta (elegante é, sem dúvida), ex-gerenta das Minas e Energia, que foi pacienta do Sirio-Libanês; que deve ter sido boa estudanta, e é nossa mais importanta representanta a lutar pelos brasileiros de forma ardenta (certo estou do contrário, mas leia este texto até o fim que a Sra. pode mudar isso).

Soa feio, Sra. presidente, o que ajuda a piorar a percepção de ruindade do seu governo. Pior: alguns especialistas em Português afirmam que é ortograficamente errôneo.

Eu lhe proponho uma coisiquinha de nada, mas que vai deixar a Sra. orgulhosa e sorridenta..., ops..., sorridente, podendo mesmo ganhar algum Nobel, e quem sabe até ser sacralizada pelo Vaticano, porque tratar-se-á de um milagre para o seu povo!



Seguinte: tendo a Sra. tornado-se refém da politicalha salafrária, corrupta e sub-reptícia; boicotada, apunhalada pelas costas inclusive por maganos do seu próprio partido, que querem vê-la pelas costas a fim de elegerem Lula, que é na realidade a abelha-rainha (abelho-rainho..., viu como não soa bem?) dessa entourage, rompa com eles.

Isso mesmo. Os malufs, os sarneys, os renans da vida, os mensaleiros e a própria divindade deles (o nove dedos), mande-os para o diabo que os carregue.

Não lhes peça mais conselhos, não lhes dê atenção, negue-lhes tudo.

- Mas aí estarei ferrada de vez, José Henrique. Eles vão dar um nó górdio na já combalida governabilidade. Vai de vez para o espaço!

Pode ser que não. Embora a Sra. não vá poder governar somente com medidas provisórias, usando inteligência, talento, capacidade de articulação com auxiliares certos nos lugares certos, a população pode se tornar o seu Congresso.

Aí é que está a pedra filosofal! Transformar as manifestações de rua em um Poder Legislativo alternativo, porém com mais força e legitimidade que o convencional.

A Sra. pode conseguir tal feito, neutralizando as intercorrências políticas negativas.

A acusação de que a Sra. estaria atraiçoando não só esses políticos em si, mas sobretudo os eleitores deles, seus representados, seria eficientemente contestada com o fato de que eles só representam a si próprios, usando o voto popular para satisfazer os próprios interesses. Todo mundo tá careca de saber disso.

Então a Sra. não estaria traindo ninguém. Ao contrário, estaria dando uma prova cabal de fidelidade ao seu povo.

Eu até fiz um texto sobre essa questão, enfocando minha região, minha cidade.
Mas é preciso coragem, vontade de quebrar paradigmas, o que a Sra. pode ser que tenha.

Não se gaba a Sra. de ter sido combatente da revolução de 1964? De ter sido corajosa ante os verdugos calçados de coturno e vestidos de verde-oliva? De ter arrostado agentes da repressão munidos de cassetetes, correntes e maquininhas de choque elétrico?

Resista de novo, Sra. presidente. 

Reduza os 39 ministérios para uns cinco ou seis; Acabe com os cartões corporativos; renuncie à inacreditável vaidade de gastar R$ 700 mil só para beijar a mão do papa, e viagens outras de igual diapasão. 

Seja austera e cobre austeridade; mande concluir as obras de transposição do Rio São Francisco; sepulte a ideia do trem-bala; invista tudo o que puder na Educação e na Saúde públicas, inspecionando com microscópio eletrônico o gasto de cada centavo.

Volte com as faxinas, abuse dos dedetizadores; desempaque o PAC; desaloje de suas deliciosas sinecuras as sanguessugas do povo brasileiro; combata carteis e monopólios; invista na infraestrutura e otras cositas más. 

Ah! E antes que esqueça, dê-me algo em troca destes conselhos, algo até singelo: mande pros quintos dos infernos o malfadado e infame horário de verão!

Sra. presidente. Minhas proposições são delirantes? São. São praticamente inexequíveis? São. Estou planando por ares nunca dantes planados? Sim. 

Mas também, sim, milagres existem. E se a Sra. não conseguir produzir um, pode mandar emitir as passagens para aquele cruzeiro marítimo a partir de 1/1/2015, na melhor hipótese, porque a Sra. poderá até mesmo antecipar essa viagem!

Não diga que não avisei!


Autor: José Henrique Vaillant - Publicação e arte: Ciro Novaes Fernandes.

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